Ódio dos dias
O ódio que eu tenho de tentar escrever
Mas só com descaso me tratam.
Subo com súbito olhar penetrante
E com a morte nesse olhar, vejo tudo o que me cerca como uma grande bobagem.
Não me insulte, não me julgue!
Um dia perceberás que quanto mais a mim fizerdes,
Menos lhe será recompensado.
Não me perco em palavras vazias,
É só o ardor do veneno que me traz as lembranças de meus antepassados.
Tudo se desfaz com o vento
Nada jamais será lembrado.
Mas ao menos me sinto feliz por expressar o que sinto,
Nem que seja por alguns poucos instantes, as mesmices a que sou condenado.
Perdi minha razão
Já se foi a emoção de tempos como aqueles.
Não me preocupo mais.
Um dia me verão e entenderão tudo o que sinto agora.
Sou nervoso, sou melancólico,
Não tenham pena de mim.
Não precisa me olhar assim.
Sei que nada do que fiz foi merecido,
Acabei por me entregar em meio às faces disformes e descaradas.
Eu sou um esboço de falsidade!
Exprime-se em mim o dom da caridade dos bons atos
Que me assustam por não adiantarem de nada ao que acontece com todos aqueles
Que não vêem sentido na vida.
E agora, vês porque choro?
Sinto no gosto de minhas lágrimas a angústia de toda uma infância sórdida e infeliz.
Mas isto foram só memórias.
Não adiantam mais para quem se contenta com a escuridão
De uma mente que não teve lembranças,
Do qual o único consolo foi tentar parar o que um dia começou.