INFINITO mesmo que não dure.

Por Carlos Sena

 

Eu quero um amor infinito mesmo que contrarie Vinicius. Infinito na intensidade de cada momento, para que cada momento amenize o tormento que será quando tiver que conviver com tua lembrança. Eu quero um amor infinito dentro da minha realidade finita, onde os contos não são de fadas, os bolinhos não são de chuva, os manjares não são dos deuses, exceto nós – pelas divindades pecadoras que haveremos de nutrir no nosso interior cheio de festas. Eu quero um amor infinito como a vida que eterniza momentos que a gente pensa em guardar numa caixinha de musica, mas é na lembrança que a gente acomoda essas recordações para nos servir delas quando viajarmos pelo país da imaginação. Eu quero um amor infinito na definição de que infinito é todo sentir quando é inteiro, legítimo, verdadeiro, qual a rosa que adormece botão e amanhece flor. O infinito da rosa não é aquele que ela amanhecer aberta em flor, mas o momento invisível, o hiato entre ser botão e abrir-se para o sol se deleitar permitindo que o vento lhe roube o perfume. Lá onde mora o infinito não deve ter lugar o efêmero pela certeza natural de que um dia a vida se encerra. Sendo a vida esse raio de luz que um dia se apaga, seja meu amor infinito, mais nada. Assim, em cada minuto infinito que me leva aos céus cada beijo teu, eu deixarei naquele instante de ser minguante. E tu, pela magia de viajar entre as estrelas, serás crescente. E nós, pela aventura do minuto eterno, seremos imortais no caminho da abóbada azul dos nossos sonhos irreais...