ARCAZES LEMBRANÇAS DO AUTISMO

silvania mendonça almeida margarida

As minhas lembranças do autismo

Cabem em arcazes profundos

O meu coração infinito

Busca os frutos das miragens do passado

Os arcazes do meu eu

Encontraram brechas para respirar feridas

Atravessaram o peito dos meus oponentes

Mal tive tempo para sentir-me autista

Assim, o mundo me atingiu

Em sério ferimento

Nem por um momento

Trouxe verdadeira chuva de luz

Durou longos anos

Estranhamente, o autismo se instalou

Experimentou os sentimentos daqueles

Que tombaram em calor intenso

Durante os anos de polvoroso cativeiro

Que dizer dos arcazes do meu mundo autístico

Que vieram para ficar nas noites frias

de sonhos impossíveis?

Que dizer dos arcazes das lembranças não amargas

Que me ensinaram a viver na solidão?

Hoje, fechei o único arcaz que restou

Junto ao Sol que desceu no meu coração

Deitei todas as estacas que me colocaram

E por infusão levei uma das casas

Com expressão fixa e gota de orvalho.

Com o sorriso nos lábios não mais me submeteria

Teria a glória das noites e de todos os dias

Ressoaria os tambores em ritmos constantes

E não permitiria que sonhos impossíveis

Arcassem o meu autismo no pergaminho da criação...

Ele não ficaria em arca, pois tornou-se aprendizagem...

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 23/08/2011
Código do texto: T3178202
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