Sordidez
(Exercício literário)


Amo sua alma sórdida
Seu caráter encardido
Sua descompostura irrecuperável
Sua suposta posição hoje decaída
Suas pseudo asas espatifadas
Aceito a sordidez muda do meu amor
Acalanto a desonra da minha entrega
Assumo que seu opróbrio me contagia
Que sua deslealdade contaminou minha jura
Resigno-me a morbidez da sua presença
Guardo em mim a ausente modéstia da sua falência
A complexidade dúbia de suas palavras
É na sarjeta, na marginalidade que te amo
Não cabemos além do simplório, do vulgar
Eu te amo disfarçadamente da forma mais simples
Amo-te da forma mais dissimulada e afetada do mundo
Você, meu maior e pior vexame que nem tento camuflar...