ORAÇÃO PELA POESIA

As tantas pessoas em volta pareciam não ouvir a Poesia gritando de dor, dor funda, do mais fundo das entranhas, dor aguda, de pânico, de agonia. Sobre as faces da Poesia, um suor gelado. Alguém via? A Poesia com a garganta fechada, sem voz, sem respiração, o sacerdote no quarto ao lado, a serviço de outro doente terminal. Minha amiga disse: "Vamos embora". No bar, diante das taças púrpura, oramos por uma morte tranquila para a Poesia e oramos, também, por sua ressurreição.

Republicação na manhã de 23 de agosto de 2011.