Mora na Filosofia
Mora na filosofia
mas há dias em que visita,
mundos estranhos.
A voz do rádio ecoa nos ouvidos
a aprovação em concurso
que nunca fez.
Faz valer a voz do rádio,
chega cedo então
à velha sede do batalhão
da polícia militar,
posto de trabalho futuro,
acredita piamente.
Bate incontáveis continências
a quem passa.
É dado por louco
nessa noite de lua cheia.
Declina do convite ou ordem
de juntar-se aos loucos do fundo
da praça defronte à guarnição.
Ainda mora na filosofia para no futuro,
graduado, ingressar na psicologia.
Como tantos outros homens, tem sonhos
quando psicólogo, clinicar.
Mora, sim, na filosofia
E ainda por cima é casado
com Santa.
Outro dia,
não tomou suas pílulas azuis,
discursou para estátuas e
recebeu a visita de Belzebu,
um príapo encarnado de grandes peitos.
Como tantos outros homens conhece
de perto a solidão,
nesses dias, percorre as ruas da cidade,
deixa atrás de si rastros de delírios,
sonha entregar-se sem volta a Jesus.