O Giz-palavra e o poeta

Dês-aforismos de um giz, já ultrapassado, e, quase por findar em seu quadro de morte, próximo do fim, desvelou suas últimas, narcisistas e egocêntricas palavras sobre um impotente poeta. Antes de apresentar as palavras do Giz queria fazer uma breve advertência. - Depois de tudo lido, todos ficarão se perguntando, qual a relevância disso mesmo? Talvez com cara de quem não entendeu nada ou ainda um silêncio breve e, depois tudo, voltará ao normal.

Agora o giz:

“Meu corpo é a palavra bruta. Eu sou um homem, quero dizer, um ser de palavras. Ao contrário, do poeta, ele usa as palavras, mas não as tem, por isso, ele é um homem sem palavras e sem honra”.

Claro que não concordei com essa sandice do Giz, mas há algo de verdade nisso. Pensem comigo:

O homem é um ser, em sua essência, desnudo e despido de tudo. O que ele tem é um nome e as roupas que usa. Isso porque essas coisas lhes foram dadas logo ao nascer, mas não fazem parte dele, apenas compõe um ser nomeado e vestido. O que ele tem de fato é a sua pele, seu corpo, sua essência e sua anima. O resto é acessório.

Assim um poeta também não é a palavra, ele apenas faz uso dela em seu ofício. Isso é se assim se autodenominar “Poeta” no seu fazer ou ainda se o reconhecerem como tal, cabe no final das contas a ela a “Palavra” nomeá-lo ou as palavras que ele usa para que seja batizado “Poeta”. Mas o Poeta não possui e, nem é nenhuma palavra, portanto, advogo em nome do diabo, ou melhor, do Giz e concluo que o poeta, na sua condição humana, está nu e sem palavras, daí temos um ser despido e sem honra.

Ass. O Poeta nu-de-tudo