Solidão

A solidão faz brotar algo de tristeza, algo de pesar... E por vezes, tentei me satisfazer com a companhia do silêncio que se fazia presente para preencher o vazio que já não se contentava com o exterior, mas se alastrava pelos meus sentimentos, como uma pequena chama que se transforma numa fogueira e tenta queimar sorrisos d’alma.

Mas com o tempo a gente aprende o quanto é longa a jornada do amadurecimento. Passamos a compreender que nesse silêncio da solidão, encontramos também a paz, a serenidade. Tudo depende dos olhos de quem vê. Nas profundezas dos momentos solitários, temos a oportunidade de descobrir as asas que existem dentro de nós. Afinal, “passarinho tem asas do lado de fora, a gente do lado de dentro”. São essas asas que nos fazem voar e transcender.

Ainda maior do que a aflição de sentir-se solitário, é a sensação de estar preso a essa condição, é manter o pensamento enclausurado, cego, impedido de voar. Chega um momento no qual é necessário deixar fluir o que é bom; desembrulhar os presentes que nos são dados; rechear o vazio dos tempos de solidão com pétalas de rosas, para que seus encantos permaneçam na memória e o perfume seja exalado junto aos pensamentos.

Lembremos sempre que, à noite, sozinha, a roseira prepara a rosa. Lá nas entranhas da terra, as raízes preparam as rosas, para que no dia seguinte elas possam desabrochar.

Marília Miranda
Enviado por Marília Miranda em 17/08/2011
Código do texto: T3166425