Mimitismo
A noite atorou meu corpo
medo que me consome
escuridão
sou tão criança
nem sei como
só cresci no tamanho
de dia
trânsito
trabalho
responsabilidade
poder
mando
conhecimento
(tudo acumulado e reproduzido)
virei homem
(pensa meu pai)
um marido afetuoso
(pensa minha mãe)
um vencedor
(pensa a sociedade)
que ganha o bastante para sustentar duas família
(pensa minha esposa)
mas à noite viro-me do avesso
para poder me esconder facilmente,
dos temores
o silêncio me assusta
enfrento meus pensamentos
deixo de ser grande
e busco desenvolver-me
afetivamente,
lentamente
no meu tempo
tiveram pressa
em me ver homem
eu espichei
um corpo grande
com diminuta capacidade de enfrentar seus medos
resta-me
viver como os adultos
mesmo sabendo
ser ainda um menino,
camuflando-me
sempre, sempre com medo de ser descoberto