Mimitismo

A noite atorou meu corpo

medo que me consome

escuridão

sou tão criança

nem sei como

só cresci no tamanho

de dia

trânsito

trabalho

responsabilidade

poder

mando

conhecimento

(tudo acumulado e reproduzido)

virei homem

(pensa meu pai)

um marido afetuoso

(pensa minha mãe)

um vencedor

(pensa a sociedade)

que ganha o bastante para sustentar duas família

(pensa minha esposa)

mas à noite viro-me do avesso

para poder me esconder facilmente,

dos temores

o silêncio me assusta

enfrento meus pensamentos

deixo de ser grande

e busco desenvolver-me

afetivamente,

lentamente

no meu tempo

tiveram pressa

em me ver homem

eu espichei

um corpo grande

com diminuta capacidade de enfrentar seus medos

resta-me

viver como os adultos

mesmo sabendo

ser ainda um menino,

camuflando-me

sempre, sempre com medo de ser descoberto

Rara orquidia negra
Enviado por Rara orquidia negra em 16/08/2011
Código do texto: T3163885
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.