Aranhas
Peludas e carnudas
Torneadas patas
Doce veneno
Corrosivo e mortal
Por entre nossas veias
Nos tornamos doentes funcionais
Ao bebermos o néctar maldito
Que corre de suas entranhas
Possuem o andar delicado, desenvolto
Passos calculados, simétricos e por que não
Atraente, fatal, agressor
Atenta a todos nossos movimentos
A beleza de suas teias
Amarra-nos
Amordaça-nos
Tortura-nos
Somos subjugados como meros insetos
Moribundos e dependentes dessa prisão
E uma vez capturados, humilha-nos
Em seu covil de tirania, selvageria e chantagem
Chantagem às nossas vidas
Cuspindo em nossas faces a realidade
Somos incapazes de cobrar nossa liberdade
Almas sugadas, sem misericórdia
Nada é deixado de nossos corpos
O que sobra é o podre cadáver
Submissão, solidão, pecado
Raiva, ódio, ressentimento, remorso
Culpa, confusão, inutilidade febril
Peludas, fortes
Úmidas, venenosas
Dissimuladas, Calculistas
Feiticeiras da natureza
Isso é tudo que sei
Sobre o animal que mais amo
E o que menos entendo