Aranhas

Peludas e carnudas

Torneadas patas

Doce veneno

Corrosivo e mortal

Por entre nossas veias

Nos tornamos doentes funcionais

Ao bebermos o néctar maldito

Que corre de suas entranhas

Possuem o andar delicado, desenvolto

Passos calculados, simétricos e por que não

Atraente, fatal, agressor

Atenta a todos nossos movimentos

A beleza de suas teias

Amarra-nos

Amordaça-nos

Tortura-nos

Somos subjugados como meros insetos

Moribundos e dependentes dessa prisão

E uma vez capturados, humilha-nos

Em seu covil de tirania, selvageria e chantagem

Chantagem às nossas vidas

Cuspindo em nossas faces a realidade

Somos incapazes de cobrar nossa liberdade

Almas sugadas, sem misericórdia

Nada é deixado de nossos corpos

O que sobra é o podre cadáver

Submissão, solidão, pecado

Raiva, ódio, ressentimento, remorso

Culpa, confusão, inutilidade febril

Peludas, fortes

Úmidas, venenosas

Dissimuladas, Calculistas

Feiticeiras da natureza

Isso é tudo que sei

Sobre o animal que mais amo

E o que menos entendo

kurannymercurium
Enviado por kurannymercurium em 15/08/2011
Código do texto: T3161515
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