Bons tempos foi aqueles de menina, vivia numa vila cheia de sonhos, crianças, bicicletas, terra roxa e muita poeira. Éramos crianças sapecas, morávamos no fundo de uma igreja, por ela zelávamos e também muitas peraltices saía ali. Coisas do tipo desligar o relógio da luz na hora do culto, esconder atrás do púlpito, levar as outras crianças a brincar de banquinho de ouro no fundo da igreja... humm, maldadezinhas das crianças, risos. Um dia desses, éramos três, a Zana (minha irmã- 8 anos), a Sôninha (amiguinha - 7 anos) e eu com meus sei aninhos, tivemos que correr para a igreja e de novo lá esconder, atrás do púlpito, o irmão da Soninha estava louco para lhe dar umas correções, hora de parar de brincar e ir para o banho (tormento). Alí escondidinhas, o tempo foi passando, e a igreja foi recebendo seus fiéis, "_ hummm tá enchendo a igreja, e agora?" Só ousávamos pensar, porque falar já era tarde. O Culto começou, e nós ali, mudinhas, espremidinhas, sujinhas, escondidinhas. Na hora da Palavra, um susto! "_Nem passou por nossa cabeça esse momento" - o Pastor toma sua posição no púlpito para levar a mensagem. "_Vixi, descobriu a gente!" -Ei, o que fazem vocês aqui? Foi uma vergonha tão grande, ele nos convida a sair, e formamos aquela filinha avexada pra tentar fugir dos olhares atentos e curiosos dos irmãos. O rosto, além de sujinhos também vermelhos, descalças, os pés na cor da terra roxa marchando em direção a saída da igreja. Se houve uma surra na verdade eu não me lembro, nem como foi a correção dada por meus pais, mas a vergonha, essa eu nunca esqueci.
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