Hoje é dia dos Pais!
Foi ontem e será amanhã...
Quando eu nasci, conta minha mãe,
eu era muito branca,
sem nenhum fio de cabelo,
mas meu Pai debruçado em meu berço
dizia com um sorriso largo: - Minha filha é linda!
Os anos se passaram e devido a correria da vida,
meus três irmãos e eu fomos criados com zelo e carinho.
Meu Pai sempre muito ocupado,
afinal, ele era o provedor de todas as coisas para nosso sustento.
Comerciante, trabalhava das cinco da manhã às dez da noite,
e nunca o ouvi reclamar da vida.
Não era um Pai dado a abraços e beijos,
acredito por não ter tempo e por não saber bem como agir.
Quando criança, ele começou a trabalhar muito cedo.
Com nove anos já estava numa fazenda de um tio, em Portugal, cuidando dos animais.
Mais tarde foi para a pesca e chegava a ficar mais de quinze dias em alto mar.,
passando toda a prova e perigo que a profissão trazia.
Tinha um pai muito rígido, mas uma mãe que era só carinho.
Quando sentávamos para ouvir suas histórias, podíamos ver em seus olhos um brilho de saudade daquele tempo que, mesmo com toda dificuldade, tinha orgulho de ter vivido.
Meu Pai era um homem íntegro, forte e preocupado com o bem estar da família e transmitia tudo isso de uma forma muito intensa, dia após dia. Não era tolerante com nossos erros e por ser severo, às vezes, fazia o medo ser maior que o respeito.
Fui crescendo e nem percebia que meu Pai envelhecia. E aquele homem que não adoecia nunca, que não se queixava de uma dor se quer, sentia na pele o tempo pesar. Já havia lutado muito, vencido sempre. Foram oito assaltos, balas trocadas com marginais e estava alí, forte como uma rocha.
Quando ele desconfiou de meu namoro, ficou uma fera (risos), permitiu, mas proibiu todas as saídas, cinema, praia e até batizados (risos). Eu, a primogênita, não podia ser maculada e além do mais estava estudando e o namoro podia atrapalhar. Estudei dobrado e passei em todas as matérias. Consegui a confiança dele. Foi dureza, mas eu via a alegria dele, embora permanecesse sério.
No dia em que me casei percebi o quanto ele estava feliz, quando me apoiei em seu braço para entrar na igreja. Vi em seus olhos o orgulho e a felicidade da missão cumprida e, sem dizer uma única palavra, seu semblante dizia: - Essa é a minha filha, a maior alegria da minha vida!
Vieram os netos e ele, meu Pai, sempre presente e curtindo a alegria de ser avô, mais que pai. Brigava comigo quando eu dava sopa com beterraba para meu filho Guilhereme (ele detestava beterraba... risos). Quando engravidei pela segunda vez, morava em Manaus e aos sete meses voltei para o Rio para fazer o parto. Como sempre, ele foi ao aeroporto me pegar, quando cheguei, ele me olhou e com um sorriso me disse : -Você está enorme!! Mas eu sei que ele queria dizer linda, por que ele disse depois pra minha mãe e ela me contou.
O tempo passa, a vida corre, tudo acontece. Alegrias, sorrisos, tristezas e choros...
Vi aquele homem "indestruível" passar por ondas gigantescas sem se abalar ate´que um dia, uma célula adoeceu em seu pulmão. Ele que contava sempre que um dia, uma cigana lera a sua mão e dissera que ele viveria o mesmo tempo que meu avô (94 anos), e ele que se apegara àquela "profecia" com muita fé, se viu definhar aos 78 anos. Veio a metastase e tudo foi consumado, um pedaço de mim, metade da minha força e da minha alegria se foi.
Hoje,nesse fim de tarde, a saudade é imensa, o choro é inevitável, mas escondido. A falta de ver a sua alegria quando chegávamos para abraçá-lo, doi fundo na alma.
Olho para mim e o vejo. Minhas mãos, meus pés e até meu jeito de gesticular quando falo, herdei dele. O sinto sempre perto, mas é difícil não poder olhar em seus olhos, abraçá-lo e dizer: FELIZ DIA DOS PAI, MEU PAI!
Foi ontem e será amanhã...
Quando eu nasci, conta minha mãe,
eu era muito branca,
sem nenhum fio de cabelo,
mas meu Pai debruçado em meu berço
dizia com um sorriso largo: - Minha filha é linda!
Os anos se passaram e devido a correria da vida,
meus três irmãos e eu fomos criados com zelo e carinho.
Meu Pai sempre muito ocupado,
afinal, ele era o provedor de todas as coisas para nosso sustento.
Comerciante, trabalhava das cinco da manhã às dez da noite,
e nunca o ouvi reclamar da vida.
Não era um Pai dado a abraços e beijos,
acredito por não ter tempo e por não saber bem como agir.
Quando criança, ele começou a trabalhar muito cedo.
Com nove anos já estava numa fazenda de um tio, em Portugal, cuidando dos animais.
Mais tarde foi para a pesca e chegava a ficar mais de quinze dias em alto mar.,
passando toda a prova e perigo que a profissão trazia.
Tinha um pai muito rígido, mas uma mãe que era só carinho.
Quando sentávamos para ouvir suas histórias, podíamos ver em seus olhos um brilho de saudade daquele tempo que, mesmo com toda dificuldade, tinha orgulho de ter vivido.
Meu Pai era um homem íntegro, forte e preocupado com o bem estar da família e transmitia tudo isso de uma forma muito intensa, dia após dia. Não era tolerante com nossos erros e por ser severo, às vezes, fazia o medo ser maior que o respeito.
Fui crescendo e nem percebia que meu Pai envelhecia. E aquele homem que não adoecia nunca, que não se queixava de uma dor se quer, sentia na pele o tempo pesar. Já havia lutado muito, vencido sempre. Foram oito assaltos, balas trocadas com marginais e estava alí, forte como uma rocha.
Quando ele desconfiou de meu namoro, ficou uma fera (risos), permitiu, mas proibiu todas as saídas, cinema, praia e até batizados (risos). Eu, a primogênita, não podia ser maculada e além do mais estava estudando e o namoro podia atrapalhar. Estudei dobrado e passei em todas as matérias. Consegui a confiança dele. Foi dureza, mas eu via a alegria dele, embora permanecesse sério.
No dia em que me casei percebi o quanto ele estava feliz, quando me apoiei em seu braço para entrar na igreja. Vi em seus olhos o orgulho e a felicidade da missão cumprida e, sem dizer uma única palavra, seu semblante dizia: - Essa é a minha filha, a maior alegria da minha vida!
Vieram os netos e ele, meu Pai, sempre presente e curtindo a alegria de ser avô, mais que pai. Brigava comigo quando eu dava sopa com beterraba para meu filho Guilhereme (ele detestava beterraba... risos). Quando engravidei pela segunda vez, morava em Manaus e aos sete meses voltei para o Rio para fazer o parto. Como sempre, ele foi ao aeroporto me pegar, quando cheguei, ele me olhou e com um sorriso me disse : -Você está enorme!! Mas eu sei que ele queria dizer linda, por que ele disse depois pra minha mãe e ela me contou.
O tempo passa, a vida corre, tudo acontece. Alegrias, sorrisos, tristezas e choros...
Vi aquele homem "indestruível" passar por ondas gigantescas sem se abalar ate´que um dia, uma célula adoeceu em seu pulmão. Ele que contava sempre que um dia, uma cigana lera a sua mão e dissera que ele viveria o mesmo tempo que meu avô (94 anos), e ele que se apegara àquela "profecia" com muita fé, se viu definhar aos 78 anos. Veio a metastase e tudo foi consumado, um pedaço de mim, metade da minha força e da minha alegria se foi.
Hoje,nesse fim de tarde, a saudade é imensa, o choro é inevitável, mas escondido. A falta de ver a sua alegria quando chegávamos para abraçá-lo, doi fundo na alma.
Olho para mim e o vejo. Minhas mãos, meus pés e até meu jeito de gesticular quando falo, herdei dele. O sinto sempre perto, mas é difícil não poder olhar em seus olhos, abraçá-lo e dizer: FELIZ DIA DOS PAI, MEU PAI!