À sombra de tua ausência (Ao meu Pai)
Há partes tuas em toda parte
Espalhadas nas membranas do mundo.
Repousantes nas encostas,
Ou chocoalhantes
Nas águas de cristalinidade sem par, sei que estão!
Pulmões rítmicos do mundo
Adensam sons parideiros
Em cantata natural
De um quase comum despertar de tua voz.
As estrelas misturam-se
À imagem dos teus olhos:
Espelham! Refletem!
No horizonte, teu grande coração palpita,
Já púlpito do mundo.
Então, viver de lembranças
É sentir-te quando me sinto.
É ver-te quando me visito,
Embrenhado na selva virgem,
De areais entrincheirados.
E, mesmo sob a mortalha
Em que te encontras,
Gotejas seiva de vida,
Desde o amanhecer do dia,
Até o despencar da noite
De estrelas outonais