E tanta poesia se foi,
E nem foi tanta poesia assim,
Só uns dizeres ao léu e à toa
Sem uma razão boa de terem sido.
Ida infância... Idílio perdido e sem sentido!
Eu, tão esquecido de momentos tão bons,
Tanto tempo ido... E eu desfalecido!
Não há destino, eu sei,
Algo que possamos fazer ou escolher
Nem algo que possamos talvez evitar
Da morte, da vida, da lida, da fuga
Das horas do dia findo, da manhã vindo
Trazendo de volta todas essas coisas
Que deixamos sempre para depois.
Não há esperança!
Mentira de falsos profetas,
Desejo vão pregado nas praças,
Hipocrisia meramente humana.
Não há esperança,
Só ilusões perdidas e sonhos inúteis,
E essas fúteis palavras tornando tudo indefinido,
Que são sempre evocadas por um nada tão possível
(E tão mais do que necessário!).
Não preciso de nada!
Que me olhem ou que me vejam,
Que me cuidem ou que me tratem,
Que me ouçam ou que saibam,
Que pensem ou que entendam,
Que considerem eu existir.
Que considerem eu sentir
O peso do desprezo, esse asco,
A punhalada dessa indiferença,
O gosto amargo que a palavra faz
Quando morre ainda na boca
Misturada com o fel do silêncio...
O nó na garganta.
O pó nos olhos.
E, além de tudo,
Ter de morrer só...
E ser tudo isso e saber disso,
E entender tudo isso e dizer.
E de sentir talvez tudo isso
Ainda nem é alguma poesia:
É só a dor de dizer ou não dizer...
Nenhum olhar me atingiu.
Nenhuma palavra me alcançou.
Nenhum grito me despertou.
Nem uma mão que me segurasse,
Nem um abraço que me envolvesse,
Nem uma força que me sustentasse,
Nem um amor que me enlouquecesse,
Nem uma lembrança que me matasse,
Nem algum esquecimento que morresse.
Só o desenlace, este impasse,
Um dilema que me torturasse
A vida inteira que eu levasse
Para não entender nunca mais
A poesia ir e vir e não mais voltar
Gritar e depois calar, ficar, morrer,
Depois viver e partir,
A poesia não dizer quase nada dessa dor
E nem ao menos da emoção de a sentir
Dizer apenas o pouco bem pouco desse amor
No momento em que aprendeu a mentir...
A vida irrita a arte
Desta me cabe a pior parte
Viver ou viver por arte
Antes morrer por pura sorte
Num golpe oportuno do acaso.
Que me importa a poesia?
A palavra deitada,
O verso derramado,
O poema cometido,
A gota de emoção vertida,
O sangue desperdiçado...
E tanta imaginação perdida
Na agudeza do olhar,
Na tristeza de sonhar,
Na angústia mal resolvida
Do sonho nunca realizado.
Digo tudo o que quero,
Como e quando quero,
Onde bem entendo...
Só calo o que a alma não sente
No silêncio do que a poesia não consente
E esqueço tudo o que a vontade mente...
E nem foi tanta poesia assim,
Só uns dizeres ao léu e à toa
Sem uma razão boa de terem sido.
Ida infância... Idílio perdido e sem sentido!
Eu, tão esquecido de momentos tão bons,
Tanto tempo ido... E eu desfalecido!
Não há destino, eu sei,
Algo que possamos fazer ou escolher
Nem algo que possamos talvez evitar
Da morte, da vida, da lida, da fuga
Das horas do dia findo, da manhã vindo
Trazendo de volta todas essas coisas
Que deixamos sempre para depois.
Não há esperança!
Mentira de falsos profetas,
Desejo vão pregado nas praças,
Hipocrisia meramente humana.
Não há esperança,
Só ilusões perdidas e sonhos inúteis,
E essas fúteis palavras tornando tudo indefinido,
Que são sempre evocadas por um nada tão possível
(E tão mais do que necessário!).
Não preciso de nada!
Que me olhem ou que me vejam,
Que me cuidem ou que me tratem,
Que me ouçam ou que saibam,
Que pensem ou que entendam,
Que considerem eu existir.
Que considerem eu sentir
O peso do desprezo, esse asco,
A punhalada dessa indiferença,
O gosto amargo que a palavra faz
Quando morre ainda na boca
Misturada com o fel do silêncio...
O nó na garganta.
O pó nos olhos.
E, além de tudo,
Ter de morrer só...
E ser tudo isso e saber disso,
E entender tudo isso e dizer.
E de sentir talvez tudo isso
Ainda nem é alguma poesia:
É só a dor de dizer ou não dizer...
Nenhum olhar me atingiu.
Nenhuma palavra me alcançou.
Nenhum grito me despertou.
Nem uma mão que me segurasse,
Nem um abraço que me envolvesse,
Nem uma força que me sustentasse,
Nem um amor que me enlouquecesse,
Nem uma lembrança que me matasse,
Nem algum esquecimento que morresse.
Só o desenlace, este impasse,
Um dilema que me torturasse
A vida inteira que eu levasse
Para não entender nunca mais
A poesia ir e vir e não mais voltar
Gritar e depois calar, ficar, morrer,
Depois viver e partir,
A poesia não dizer quase nada dessa dor
E nem ao menos da emoção de a sentir
Dizer apenas o pouco bem pouco desse amor
No momento em que aprendeu a mentir...
A vida irrita a arte
Desta me cabe a pior parte
Viver ou viver por arte
Antes morrer por pura sorte
Num golpe oportuno do acaso.
Que me importa a poesia?
A palavra deitada,
O verso derramado,
O poema cometido,
A gota de emoção vertida,
O sangue desperdiçado...
E tanta imaginação perdida
Na agudeza do olhar,
Na tristeza de sonhar,
Na angústia mal resolvida
Do sonho nunca realizado.
Digo tudo o que quero,
Como e quando quero,
Onde bem entendo...
Só calo o que a alma não sente
No silêncio do que a poesia não consente
E esqueço tudo o que a vontade mente...