NADA NÃO
Não tenho nada que me prenda ao solo
Nada me tolhe nem me puxa os pés
Então por que fico no meio do nada?
Nada me ajuda a me elevar aos céus
Nada é verdade ou pura mentira
Não tenho nada que valha privar
Nada é dúvida, mas a vida incerta
Não me diz nada, me faz vacilar
Não vou e fico num nada perfeito
Acordo e vivo, mas
Nada está vivo aqui, dentro de mim
Nada é factível ou talvez possível
Tudo é difícil de achegar-se ao fim
Não é palavra ou a vã partícula
Que nos rasteja ou invés de voar?
Nada um veredicto, um modo de ser?
Não tem sido sempre um nada repetido
No dia a dia de um não sem fim.