Sutil brutalidade

"Não quero saber do lirismo que não é libertação"

(Manuel Bandeira)

Semana de arte moderna?

Ah meu amigo, eu só preciso é de minha cabeça...

... Afinal, tu sabes, abomino cartazes!

Quanta libertinagem há no meio literário

Respeite meu humilde cotidiano, meu estilo é simples e delicado

Sou o centro de minha existência e ando muito ocupado

Comigo mesmo, observando, à tarde, aquela estrela que custa a brilhar

Não jogo cartas, não tenho os macetes do bilhar

Sonho pouco e não arrisco no "bicho"

Às vezes, vejo o Castor em seu carro, acenando ao passar...

.... Pela Lapa, na ABL nunca, mas sempre em Santa Tereza

A linguagem coloquial é minha destreza; tornei-me crítico em Artes Plásticas!

Mas logo abandonei essa existência encerrada, os clichês me asfixiam

1940 enfim chegou, arranquei a última folhinha do ano velho, a eleição já vem?

Me pergunto e não respondo!

Nas cinzas das horas aprendi a me relacionar com a vida, tornei-me imortal

Imortal que luta para se aproximar da morte, do pulmão adoeci debaixo de um baixo teto

Custa-me muito respirar, brutalidade da vida, minha existência terrena desviada

Eu queria mesmo era ser arquiteto!

*A Manuel Bandeira (19/04/1886 - 13/10/1968)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 11/08/2011
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T3153736
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