Depreciando a depressão
Depreciando a depressão
Me chame, mas, me chame para um lugar onde eu possa ficar e contemplar cada manhã tendo a noite como guardiã de um sono sem abalos, porque, só assim as manhãs me serão realmente agradáveis. Os abalos começam a tremular minha mente no exato momento em que penso nos afazeres do dia. E o dia está só começando. Minha cabeça começa a ficar pesada, meu corpo parece não querer responder ao esforço que eu ainda não fiz. Dez itens para vir do mercado e, na minha ânsia, trago o dobro e provoco sem que eu quisesse a maior briga com a maior e melhor companhia que alguém poderia ter. Aos poucos vou deixando para traz sorrisos tímidos e, devagar um fio de mágoa tenta infiltrar-se em minha mente combalida e destreinada para assuntos assustadores. Nunca precisei brigar para entrar num shopping e, com o tempo, tornei-me uma expert em descarregar cartões magnéticos. A culpa vinda depois parecia uma estrada que sempre me levava a lugar nenhum. Eu não precisava ter feito aquilo de novo, mas, vem o impulso e, de repente, uma vida esta em jogo novamente. Erroneamente, sinto-me só e o ataque a mim mesma recomeça. Descubro que me retraio a um lugar qualquer da alma afim de não ter que lutar contra imagens vindas do coração. Vou cada dia mais fundo no poço de mim mesma e o meu silêncio serve apenas como uma muralha que, sendo eu apenas emoção, me separa da razão. Tento dar um passo a traz, mas, tal gesto sempre vem com um tom áspero de uma voz há muito conhecida. A depressão esta me levando embora e, tudo o que eu fizer, será inútil a menos que eu despreze os apelos consumistas inerentes de uma sociedade marcada pela decadência dos valores relevantes para construção de seres humanos irrestritos de mente e de alma. Tudo isso sem ter que lutar contra sorrisos que se tem em casa. Posso até não sorrir mais, desde que meus entes chorem menos.