Conversa Sertaneja

Conversa Sertaneja

Eta tempo forte, mas que arrasa a gente

feito carcará que mata fome na unha

e as garras contra a morte vem brigar com o tempo de outros tempos

e saudades perdidas na poeira.

Eta, marca arretada na panela vazia dos pedaço de torresmo

da carne sem cor.

Eta sertão danado que faz a gente não vê nada e pensar em tudo que há nesse mundão

A seca do coração quente no meio da mata surda, sem vida que com a água ressuscita as mãos da gente

Um dia de menino é brincadeira de lama grossa e ninho desfeito.

Lá se foi a carroça, a canoa descendo, o gado remando, o cavalo aos flancos, as varandas de viola...

Eta paisagem do coração pobre de mundo rico sem peste.

Tempo que não volta e que não muda a gente.

Eta terra avermelhada das Gerais

Queijo mole lá pras bandas do triângulo, e pedra cristalina do Goiás que tanto amei.

Na hora da gente mansa se deitar conta a história um dos outros pro sertão dormir

E na alvorada dos planaltos amanhece em lendas e flores secas a decorar o sertão dormido.

Eta morena sertaneja feito lenda que cavalga no meio das noites enluaradas,

leva a direção dos olhos da gente pra dentro da poesia.

e enfeita as matas e riachos como o fruto doce do pomar.

E na hora da partida ela surge sorrateira com sorriso de menina apaixonada,

pelo chão que pisa e pela terra que lhe dá o tom.

Mônica Ribeiro

06/07/08

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 09/08/2011
Código do texto: T3150271