Conversa Sertaneja
Conversa Sertaneja
Eta tempo forte, mas que arrasa a gente
feito carcará que mata fome na unha
e as garras contra a morte vem brigar com o tempo de outros tempos
e saudades perdidas na poeira.
Eta, marca arretada na panela vazia dos pedaço de torresmo
da carne sem cor.
Eta sertão danado que faz a gente não vê nada e pensar em tudo que há nesse mundão
A seca do coração quente no meio da mata surda, sem vida que com a água ressuscita as mãos da gente
Um dia de menino é brincadeira de lama grossa e ninho desfeito.
Lá se foi a carroça, a canoa descendo, o gado remando, o cavalo aos flancos, as varandas de viola...
Eta paisagem do coração pobre de mundo rico sem peste.
Tempo que não volta e que não muda a gente.
Eta terra avermelhada das Gerais
Queijo mole lá pras bandas do triângulo, e pedra cristalina do Goiás que tanto amei.
Na hora da gente mansa se deitar conta a história um dos outros pro sertão dormir
E na alvorada dos planaltos amanhece em lendas e flores secas a decorar o sertão dormido.
Eta morena sertaneja feito lenda que cavalga no meio das noites enluaradas,
leva a direção dos olhos da gente pra dentro da poesia.
e enfeita as matas e riachos como o fruto doce do pomar.
E na hora da partida ela surge sorrateira com sorriso de menina apaixonada,
pelo chão que pisa e pela terra que lhe dá o tom.
Mônica Ribeiro
06/07/08