A LUA

Ela caminha cabisbaixa.

Indiferente aos cachorros sem dono que a seguem.
A sombra dos postes passam trazendo uma mescla de tristeza e solidão.
Sente o coração - (sabe que esta viva). Viva!
Estar viva, mas, por quê?
Lentamente seus olhos buscam a lua.
Pálida. Silenciosa. Pendurada num pedaço do céu.
Ama a lua.
Sonha com a sua quietude – com sua solidão.
Ela é a lua!
Sente-se assim – pendurada num pedaço do céu.
Sente o vento nos cabelos – o vento pode atravessar seu corpo, sente-se assim, fluída.
Abre os braços e continua caminhando.
Abre a boca buscando o ar à encher-lhe os pulmões.
Esta vazia. Vazia de si. Oca de sentimentos.
Os cachorros seguem calados – observando. Talvez entendam aquilo como uma brincadeira, mas, não participam, apenas observam.
De súbito ela para. Junta as mãos em prece – os olhos marejados se desprendem da lua.
Pássaros noturnos voam baixo.
Tudo é silêncio e solidão.
Triste ela percebe que não pode ser igual a lua.
Suas pernas não suportam o peso do corpo – cai.
Aquieta-se enrodilhada feito um bicho.
Os cachorros deitam-se ao seu lado – silenciosamente aquecem seu corpo durante a noite fria.




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