CAMINHAR
Peguei na mala de chuva
que guardava as lágrimas do sol
e saí do comboio cinzento
que parou como sempre faz
em todas as viagens.
Caminhei paralelamente à linha
da distância nas estações dos afectos.
Olhei o relógio pendurado e apontava
sentidos no universo desmedido de tempo.
Cheguei à entrada e saí com as mãos pesadas
de caminhos ramificados nas folhas caídas.
Os meus passos afastaram as sombras dos carros
os meus olhos ergueram-se ao som de uma voz
que dava entrada na linha perdida de destino.
Retrocedi e entrei de novo na estação cinzenta.
Sentei-me no banco de madeira vermelha lascada.
Ouço vozes todos os dias e a todas as horas de chegada
Espero o som da partida para caminhar de novo.