CAMINHAR

Peguei na mala de chuva

que guardava as lágrimas do sol

e saí do comboio cinzento

que parou como sempre faz

em todas as viagens.

Caminhei paralelamente à linha

da distância nas estações dos afectos.

Olhei o relógio pendurado e apontava

sentidos no universo desmedido de tempo.

Cheguei à entrada e saí com as mãos pesadas

de caminhos ramificados nas folhas caídas.

Os meus passos afastaram as sombras dos carros

os meus olhos ergueram-se ao som de uma voz

que dava entrada na linha perdida de destino.

Retrocedi e entrei de novo na estação cinzenta.

Sentei-me no banco de madeira vermelha lascada.

Ouço vozes todos os dias e a todas as horas de chegada

Espero o som da partida para caminhar de novo.

Mónica Correia
Enviado por Mónica Correia em 10/12/2006
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