A mó do tempo
A mó do tempo
Caminhar sobre os destroços
De um mundo que não existiu,
É o hábito de um viajante do futuro
Eu conheço este enigma estelar
Pois sou um visionário e procuro.
Mesmo o caos que outros vêem
E não percebem, eu percebo;
E com ele sou constante.
A desordem, a falta de esmero,
Que os homens das artes propagaram
Trouxeram-nos à estrada eqüidistante.
Foi por causa desse vil descuido
Que o futuro está comprometido
É preciso deter a mó do tempo
Pra salvar a contento o bem perdido.
São as obras dos nossos dias idos
Bem melhores
Que as dos seus contemporâneos.
Não concebo o medo dos meus pares
De apostarem as fichas que ganharam,
Perdem tempo tecendo fio fino
Como velhas que querem distrair
As pessoas que não olham o horizonte
E nos montes não querem mais subir.
Há quem diga que a fé move montanha
Eu, porém, nesse texto, não quero oferecer,
A visão aos cegos que perderam
A noção e o tato de medir
A distância do hoje ao manhã,
Onde mora a razão do existir.
Brasília 02/12/2006
Evan do Carmo