COMPARAÇÃO
Invejo a felicidade que algumas pessoas têm de voltar tão facilmente às velhas manias.
Eu desejaria poder ler. Isso distrairia o meu espírito. Mas desde que te encontrei levo a pensar em nosso amor.
A visão de nossos encontros surge entre mim e o livro. Gostaria de saber dominar-me. Isso é mais sensato e preferível, quando se é capaz.
Fico a pensar que, em cada encontro, aos momentos de felicidade sucede o reconhecimento de quanto são ilusórios. Entre a vigília e sono, fico a pensar que a nossa vida em comum é um sonho e quedo-me imóvel, tomada pela angústia da decepção, que é o engano dos sonhos felizes.
De repente vejo-me a gritar “Não é um sonho”: cada pequeno encontro temos de vivê-lo mais intensamente. Como se nada mais existisse ao nosso redor.
E assim, perdida em meus próprios pensamentos, imagino o próximo encontro, agradável e transbordante de paixão.
Retorno ao livro que me ensina que a alma humana é uma fonte de permanente fluir na busca da realização.
Sinto-me assim, como uma fonte que em ti procura a própria vida.
Já posso ler, já posso dormir em paz.