Ao pé do ouvido
De repente descobri que deixei de conversar.
Isso de discordar, concordar, alterar e desligar.
Um olhar diz muito. Será? Terá ele um afago no ombro?
Ou talvez uma piscadela de ironia?
E chegou agosto. Tempo de ventanias, de bailado de poeiras.
E eis aqui o pó que lhe pertence.
Veio com a rajada do sul ou do norte, não é preciso.
Mas conseguiu se entrosar bem com o pó que aqui estava.
E fico extasiada imaginando quais caminhos percorreu.
É tudo tão urbano e tudo tão rural!
Lembra quando o tempo era jovem?
Irreverente? Dono do maior pedaço da noite?
Sei que lembra. O silêncio sempre tinha filosofias a transmitir.
E como era bom vê-lo duelar com a inconsciência.
Fingíamos que dormíamos para que ele também se deitasse.
Um merecido descanso após tantas batalhas.
Sabe que horas são?
Hora de acontecer.