Fusão

Obs: este texto escrevi há três anos - tinha 16 de idade - e vou publicá-lo agora, como alguns outros...

De repente, houve a aproximação onírica. Em êxtase as coisas se juntaram como se fossem uma só. Porque eram, eram o todo. Mesmo que fosse nada - ininteligivelmente eram nada e nada era tudo. Pois não se precisava mais de explicação. Simplesmente - era.

E não se entendia e não era preciso. Existir bastava. Uma explosão, uma grande explosão inicial gerou a vida. Tudo começa explodindo. E segue sustentado de imperceptíveis explosões a todo instante - viver é novo. Precisa ser novo. Então, a união criou o desafio. De desagregar. Porque ser tudo - nada é mais fácil. Mas subdividir-se é ilógico, é instigante, é humano.

A separação tornou o todo coisas e isso significava sofrimento. Estar junto era sublime. Só, era difícil. A força necessária era imensa, exigia compreensão inexistente. Coisas, meras coisas, não são capazes de lidar com o impossível. Por isso as coisas sentiam dor - dor de existirem individualmente. Dor de intrinsecamente estarem ligadas ao resto sem realmente conseguirem juntar-se. Acontece que as coisas precisavam tentar humildemente a união na condição imperfeita para que pudessem viver de fato. Viraram coisas justamente para aprender a superar o desafio da limitação egocêntrica.

Enfim, houve o dia improvável da reunião. Tudo se juntou novamente. Numa quimera desejada desde sempre. As coisas se reencontraram, e juntas eram mais fortes. Podiam, sim, viver - unidas, transformariam a existência. Sua essência era uma só. Aconteceu de súbito: num belo dia, duas almas incorporaram-se a favor da vida eternamente.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 08/12/2006
Código do texto: T313156
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.