REDOMA
A casa onde moro é minha referência
Um nicho
Habitat
Gosto das cores mornas das paredes
Dos móveis e sua disposição imóvel
Da cama onde me encaixo como a polca no parafuso
(certo)
Do sofá onde acoplo meu corpo
Gosto do abraço da toalha branca, após o banho
E muito..gosto muito dos meus lençóis transparentes
Porque não há no mundo, lugar como a minha casa
Tenho carinho
Amor
Afeto
Consolo
Compreensão
Nada há,
Além do meu eu e dos meus objetos pessoais
ocupando todo o espaço,
Reconheço-me
nos cantos
Meu
cheiro
(bolorento)
está no ar
e por isso,
não tenho medo
Talvez por isso, também, minha mente esteja tão fechada
Pensei,
talvez seja a hora
De romper este círculo
Rotineiro e viciado
Um liame de falsa segurança
De satisfação que parece plena
Pois plena não é
Verdade translúcida
Como ter plenitude sendo tão só e estático
Relógio que se movimenta
mas sempre de acordo com a
engrenagem
pré-fabricada
Converso com as paredes
(Elas me entendem)
E como não entenderiam
Se nunca contradizem
Não debatem
Não rebatem
Não argumentam
Talvez eu deva abrir as portas e as janelas
E deixar o cheiro de fora entrar
e o mofo sair
de dentro
Deixar que o imaculado seja tomado pelo impuro,
ar circulante
que a mente se infecte com o novo
Talvez este exercício faça com que eu seja menos eu
Mas por outro lado me ensine a ser um pouco nós