Solidão em Lisboa
Solidão em Lisboa
Ah, quem sou eu pra dançar um fado, pra sonhar sem estar sentado, pra imaginar quantos em quantos bailes e festas lusitanas hei de bailar...
Sou agora este homem frio como a névoa, sem rubras faces, e cabelos umedecidos pela garoa.
Tempo que me deste a solidão e o enfado, que me deixa aqui só a ceder um lugar ao outro.
Todas as manhãs de inverno cá estou eu a pensar na atmosfera do interior deste castelo, como num ventre de mãe, que nem sei se tive.
Vejo um gato escalando quase até a torre envelhecida e penso,
que pode querer o bichano a correr o risco de despencar da soleira, mas atreve-se mesmo assim para ver o que ficas para trás.
Eu deveria fazer o mesmo, mas sei que nada deixo para trás, pois que meus sonhos infantes vivi nos braços da amada rapariga.
Ai, que chão ingrato de verdes gramados e banco duro, que tanto me fiz a trabalhar pra te agradar, minha bela.
E hoje, este mesmo chão de guerrilhas e jardins só uma árvore tenho para agasalhar minha solidão...
Mônica Ribeiro
17/11/07