MÚSICA NA PRAÇA
O som etéreo e cristalino dá o tom da eternidade. Ouço Memory se derramando pela praça. E a praça, neste instante, é pura paz, ternura transcendental que abre as cortinas de um mundo que foge ao comum. É flauta... É música. Vou indo, vou ver, sentir, ouvir de pertinho e pra ouvir e crer preciso ver.
O homem e a música. A comunhão mais perfeita. Com um simples sopro ele transforma o mundo. Cria movimento, sonhos alados, faz tudo virar do avesso. E me permito ir. Permito-me crer que o mundo não é nada disso que se diz, ou se pensa. O mundo não é... Só parece ser... E anjos flutuam por aqui, eu sei.
O mundo é esse: o que a música traz, sugere, induz, conduz. O ar é arco-íris, pessoas em câmera lenta, não vão, apenas passeiam. Ninguém tem pressa, só faz de conta... O pássaro parou, por um longo instante, imóvel; penas mortas, olhos semicerrados. O ipê ali no canto da praça existe... A música o apresenta assim como é: lindo em flores amarelas e velhos galhos... A natureza é pura música.
O homem é pequenino, franzino e silencioso, apenas música. Pele morena, cabelos lisos e negros repartidos ao meio escorrem-lhe até o ombro. Túnica crua, franjada; sandálias de couro. Mãos e sopro que arrancam de canudinhos de bambu milagres de vozes sem palavras. Cabeça cingida por uma tiara vermelha revela os costumes indígenas dos lugares de onde vem...
Vem do Peru. Das terras de tão longe, onde eu talvez nunca vá. Mas que agora vêm até mim pela música. A música que nada pede além de uma alma sensível que a revele e dê-lhe vida, e outras almas, sempre sensíveis, que lhe deem ouvidos.
Só brisa e música no ar. Tudo suave, diáfano, translúcido. Só e tudo isso, porque o mundo de repente para. O mundo é só um espaço. Um grande, infindo e branco espaço, povoado por notas suavemente lindas e tristes. Tão tristes e lindas quanto as coisas lindas e tristes deste mundo triste e lindo...
Sim, o espaço é tristeza e beleza. A beleza abstrata que ninguém toca, mas existe, e invade a vida nas notas deste índio peruano que diz tanta coisa sem uma única palavra. Coisas que falam ao coração, desnudam histórias, arrancam angústias, remontam cenários, costuram retalhos de passado e depois dão paz...
Paz... Quem jamais experimentou a paz de uma música suave caindo das notas de uma flauta, a se espalhar pelo ar, pelo chão, pelos jardins, fazendo as pessoas azuis dentro de uma tarde na praça — ah, quem jamais experimentou tal sensação — não pode dizer que viveu... Eu vivi...
O homem e a música. A comunhão mais perfeita. Com um simples sopro ele transforma o mundo. Cria movimento, sonhos alados, faz tudo virar do avesso. E me permito ir. Permito-me crer que o mundo não é nada disso que se diz, ou se pensa. O mundo não é... Só parece ser... E anjos flutuam por aqui, eu sei.
O mundo é esse: o que a música traz, sugere, induz, conduz. O ar é arco-íris, pessoas em câmera lenta, não vão, apenas passeiam. Ninguém tem pressa, só faz de conta... O pássaro parou, por um longo instante, imóvel; penas mortas, olhos semicerrados. O ipê ali no canto da praça existe... A música o apresenta assim como é: lindo em flores amarelas e velhos galhos... A natureza é pura música.
O homem é pequenino, franzino e silencioso, apenas música. Pele morena, cabelos lisos e negros repartidos ao meio escorrem-lhe até o ombro. Túnica crua, franjada; sandálias de couro. Mãos e sopro que arrancam de canudinhos de bambu milagres de vozes sem palavras. Cabeça cingida por uma tiara vermelha revela os costumes indígenas dos lugares de onde vem...
Vem do Peru. Das terras de tão longe, onde eu talvez nunca vá. Mas que agora vêm até mim pela música. A música que nada pede além de uma alma sensível que a revele e dê-lhe vida, e outras almas, sempre sensíveis, que lhe deem ouvidos.
Só brisa e música no ar. Tudo suave, diáfano, translúcido. Só e tudo isso, porque o mundo de repente para. O mundo é só um espaço. Um grande, infindo e branco espaço, povoado por notas suavemente lindas e tristes. Tão tristes e lindas quanto as coisas lindas e tristes deste mundo triste e lindo...
Sim, o espaço é tristeza e beleza. A beleza abstrata que ninguém toca, mas existe, e invade a vida nas notas deste índio peruano que diz tanta coisa sem uma única palavra. Coisas que falam ao coração, desnudam histórias, arrancam angústias, remontam cenários, costuram retalhos de passado e depois dão paz...
Paz... Quem jamais experimentou a paz de uma música suave caindo das notas de uma flauta, a se espalhar pelo ar, pelo chão, pelos jardins, fazendo as pessoas azuis dentro de uma tarde na praça — ah, quem jamais experimentou tal sensação — não pode dizer que viveu... Eu vivi...
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"O mundo é só espaço
Grande indefinido
Branco espaço
Povoado por notas musicais
Suavemente lindas e tristes
O espaço é beleza
Coisas que falam ao coração
Notas que se espalham
Pelo chão, pelos jardins
Sensações de vida, vivida."
[Obrigada, Pedro, por compartilhar]
"O mundo é só espaço
Grande indefinido
Branco espaço
Povoado por notas musicais
Suavemente lindas e tristes
O espaço é beleza
Coisas que falam ao coração
Notas que se espalham
Pelo chão, pelos jardins
Sensações de vida, vivida."
[Obrigada, Pedro, por compartilhar]