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O lobo espera
a presa
chega o frio
a noite cai
ele adormece,
enquando o cordeiro não vem,
atrás de sua pupila passa a imagem
sonho que se apropria de sua vontade
faminta
uma mesa farta,
família reunida
crianças gargalham estridentemente
a casa quentinha
as panelas fumegando
pai conversa com a mãe
crianças interrompem
pulam dando pequenos gritinhos
tudo é festa
tudo é saciedade
dorme o lobo, saliva e pensa..
na próxima vida
quero ser homem
Mas ele não vê
a cena continua sem
sua presença intrusa
no lado externo da casa
pequenas mãozinhas sujas encostam na vidraça
olhos miúdos
espiam
arregalados
miram a mesa farta
o lobo acorda com um ronco
o ronco da barriga do menino
fome
fome
fome que mata
saliva
na próxima vida,
sonha o menino,
quero ser lobo