Duas Por Dia
Eu tenho que parar
Com essa tal mania;
Uma antes de dormir
Outra logo ao acordar
Somando sempre
Duas ao dia.
Eu tenho que parar
De ser psicoceta
De acordado sonhar
Com baba de buceta.
Não sei o que acontece
Parece que é só comigo!
Um baita rabo me enaltece
Assim como um umbigo
[à mostra
A culpa é delas!
Empurrando o carrinho de supermercado
Empurrando carrinho de bebê do Senninha
A Culpa é delas!
Amarrando o cadarço com uma perna ereta
E a outra erguida, arrimada nalgum degrau
[Fazendo aquela curva, aquele hemisfério!
Sim, a culpa é delas, que
Maliciosa e inocentemente lambem
A casquinha da Parmalat
Que buscam desesperadas o canudinho do McDonalds com a boca quando ele dela escapa.
A culpa não é minha de engasgar ao ver uma calça legging; ao ver uma calça legging revelando o quão bem desenhado, inchado, lindo e instigante pode ser o ser que dorme e grunhe e orvalha no meio das pernas dessas nobres donzelas.
Sim, grunhem... Conversam comigo do mesmo modo que conversam com o Luiz Mário: "E aí, você quer?", "Quer dar uma chupadinha?", "Vem cá!".
Sim, é por culpa delas que eu grito com o meu ID e tido como louco na rua sou pela dona do oco da virilha que comigo fala!
"Jesus Cristo", eu digo, quando elas vêm na minha direção e sobra aquele espacinho no meio das pernas - aquela luz no fim do túnel - que nos permite ver o outro lado de um mundo que de repente torna-se empedernido!
E quando baixa em mim o Espírito da Benevolência Plena ao ver uma calcinha que está tortamente enfiada numa bunda? Ai, carai, que vontade de ir até lá e, delicadamente com os dentes, ajeitá-la milimetricamente!
E quando o tempo fica frio de repente e mamilos eriçados assomam forçando os tecidos de finas blusinhas brancas postas pela manhã - como que procurando o abrigo quente e cavernoso e úmido de uma boca afoita e voraz?
Que tara louca, que mania psicótica, que doença: devaneios sobre a cara enfiada no traseiro de quem ainda sequer viu-se o rosto tem cabimento?
Ah, e as vozes entre amigas, quando vêm com aquele clássico "quase me comeu com o olho!"?
Divirto-me quando percebo que comigo não há "quase" neste quesito, pois quando tal constatação parte de um lábio feminino, eu já me refestelei das formas mais impuras e indecentes e infernais possíveis - imagineticamente falando; óbvio.
Mas todo esse monte de coisas que acontecem
Ao final das contas não me fazem bem.
E é por isso que eu tenho certeza quase absoluta
De que eu tenho que parar com essa tal mania.
E deixar de perder minutos de sono antes de dormir
E minutos de vida depois de acordar
E deixar de lado
As duas
Por dia.
28/07/2011