Verão em chama...
Minha alma ardia como fogo.
E cheirava ao abandono.
Como timoneira viajei sem destino.
Deparei-me com ondas bravias.
Desnorteada temia o raiar de um novo dia.
Minhas forças iam se esvaindo.
Como sombra tênue perambulava
e a inanição me consumia.
Uma noite vi no céu a primeira estrela que resplandecia.
Prosternei-me em contemplação...
Em retrospectiva vi uma menina que corria pelas trilhas.
O vento afagando seus cabelos revoltos assobiava uma sinfonia,
que mais se assemelhava a um gingado de trigal.
Aquele pequeno coração vivia de sonhos...
De repente emergi do meu mundo subjetivo.
Tive a sensação de estar circundada por amigos invisíveis,
que colocavam em minhas mãos : a vida.
Por que viveria? Para quem?
Olhos negros e verdes brilhavam mergulhados nos meus olhos...
Que momento sublime! Acabava de fazer uma descoberta.
Então, balbuciei: ”Viverei por vocês, meus adorados e fiéis amigos.”
São eles Príncipe e Pituca. Meus cachorrinhos.
O Príncipe partiu no dia 13 de maio, deixando muita saudade.
Voltei o rosto para o céu e agradeci a Deus pelo companheirismo de anos.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
Segundo Lavoisier.
Se for assim espero que o Príncipe tenha se transformado num raio de luz...