NATUREZA MORTA

E na parede apenas um quadro

Era uma pintura de natureza morta

E no silêncio que determinada pintura provoca

Os objetos dispostos sobre uma mesa

Deixou aquele ser em meditações.

Nunca, até aquele momento, viu-se observador

E provocado por aquela imagem

Conjecturas sobre a vida lhe invadiram a cabeça.

Pensou nas pessoas que já não mais viviam

Pensou, ainda, noutras que as visitas se fizeram mais raras

E como nesses momentos também lembrou, com um leve sorriso, da infância.

À memória, guardiã dos eventos que deixaram marcas

Imagens outrora esquecidas e candidatas certas ao cofre forte do esquecimento

Deram sua graça, e sem pedir licença; tomaram daquele ser todo seu tempo.

Não saberia precisar, mas teve apenas e certeza que tudo tinha valido a pena

E como a criança que fecha seu baú de brinquedos

Também ele, ao olhar aquele quadro, nada mais disse

Apenas recostou na cadeira de balanço e dormiu.