EFÊMERA CHAMA



A poesia não se sabe o seu porquê,

Muito menos a escrever poder-se-ia,

E lê-la, então, jamais,

Pois devia ser nascida surda-muda,

E não trazer a este mundo tanta dúvida.

A poesia não se deve declamar,

Pois ela diz o que não é,

E esconde como se saber...

É preciso que quem conseguir lê-la,

Veja-a numa tela

Pendurada na muralha derrubada,

E decifre as imagens

Que ninguém jamais as viu...

E que a luz que a projeta nessa tela,

Seja aquela que minguou confessa,

Fim de uma vela,

Acesa num beiral qualquer de uma rua reta,

Para dar mais chance ao vento

De apagar para sempre o poeta.





José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 07/12/2006
Código do texto: T311695
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.