Vertigem
O meu amor não faz mais sentido. Tudo bem, ele nunca fez na real, mas o que me abala é a falta de sentido crescente em mim. Um aperto aqui, no peito, como nunca mais pensei que haveria, como se ela estivesse morrendo. E ela está, em mim, morrendo. E eu até posso escrever essas palavras com alguma sombra de orgulho, mas o que eu sinto é uma vertigem, como se eu tivesse me descolado de algum lugar e estivesse assim, avulso, no mundo. Não aconteceu nada que minha consciência não já soubesse, mas meu coração parece sentir finalmente o impacto do que é estar só de verdade, do que é simplesmente não ser correspondido. Eu estou sozinho, não só fisicamente, mas ela não virá para mim. Nunca mais. Qualquer tolo seria capaz de entender, mas meu coração era suficientemente lesado a ponto de manter uma esperança absurda por mais tempo que o humanamente suportável. Até que ele finalmente acorda e se vê batendo sozinho – e se perde, numa arritmia vertiginosa. Sinto um leve descontrole, como quando você acelera demais por terem removido uma resistência ao seu movimento. Mas não, eu não acelerei, não estou sequer me movimentando, por sentir que era justamente a resistência o que me impelia a me mover. Eu estou aqui parado, oscilando em torno do meu próprio eixo, sem saber o que fazer.