[Eu: Minha Ilha]
[Para você que me sabe, este poema de nada ser]
Eu: minha própria Ilha...
o que pode ser mais triste
que uma vagante ilha?
Tive muitas, tive várias dentre as tantas
que passaram pelo campo do meu olhar.
Muitas amanheceram comigo...
Ah, loucuras, delírios de amor!
Mas enfim, passaram... passaram,
e levaram seus encantos para longe,
bem bem longe de meu tempo!
Agora, esta minha ilha ficou assim, deserta...
Aqueles belos pássaros ainda passam por aqui,
olham-me com interesse, sobrevoam-me em círculos,
mas querem só momentos, fugazes momentos...
Mas eu, ah... eu ainda sonho infinitudes!
Às vezes, elas fazem apenas uma breve pousada;
esperam a lua branca surgir, empalidecer-me as faces,
pois assim se tornam mais lúbricas e mais efêmeras,
e, então, depois de um intenso coito na minha praia deserta,
alçam seu voo magnífico, deixando-me tonto... e só!
Eu... esta ilha, para onde irei?
Eu, este nada de ser, sou tudo que há?
O poente vermelho sela o [meu] destino.
[Penas do Desterro, 24 de julho de 2011]