O BAÚ
Nasce uma menina bem pequenina.
A mãe nina.
Menina cresce pouco e... Sufoco!
Todos os olhos cunhando rótulos.
Uma menina “baixinha” uma máscara e um baú...
Menina vai pra escola.
Primeiro dia de aula.
Menina na sala com seus iguais.
Hora do recreio.
Mãos adultas conduzem a menina à outra sala.
A fala? – Menina “adiantada”, inteligente!
Uma menina “inteligente”, duas máscaras e um baú...
Menina cresce animada.
Gosta de conversar e de tudo participar.
Medrosa como só, nunca arrisca. Pessoas frente à isso dizem: -Menina comportada!
Uma menina “comportada”, três máscaras e um baú...
A menina vai transformando.
O corpo modificando.
Conflitos instaurando.
Menina se cala e se isola.
Presa nos seus medos se tolhe.
Aos olhos de todos: -Adolescente ajuizada!
Uma menina-adolescente “ajuizada”, quatro máscaras e um baú....
A menina-moça sem pressa de crescer teme o mundo "dos grandes".
E busca refúgio na escola, nos livros, nas boas notas...
Os que estão próximos professam: - Moça estudiosa!
Uma menina-moça “estudiosa”, cinco máscaras e um baú...
A moça casa-se.
A família se forma.
Os filhos nascem.
Aí surge: -A mãe zelosa!
Uma menina-mãe “zelosa”, seis máscaras e um baú...
A mulher batalha emprego.
Trabalha com dedicação.
Corre daqui e dali. Faz tudo com perfeição.
O trabalho lhe ocupa a mente.
O que todos veem: -Profissional competente!
Uma menina-mulher “competente”, sete máscaras e um baú...
O tempo passa.
As máscaras avolumam-se.
O baú se farta! Ufa!
Na maturidade, menina crescida se pergunta?
-Quem sou eu?
Abre o baú.
Lá encontra a resposta:
” Sou o retrato daquilo que fizeram de mim!”