[O Demônio de Folga]

A cálida noite me acaricia,

sinto-a como um envolvente amplexo

de uma quentura morna

que me enlanguesce.

Todo o meu corpo,

toda a minha alma,

vêem-se enleados nesse

morno abraço da noite.

Evocações vagas, ingênuos mistérios;

quem teria plantado aquela dama-da-noite,

ali, bem em frente ao bar?

O seu perfume me faz sonhar

com um mundo feito

só da mais pura esperança,

meus tempos de juventude.

Neste momento, o ser maldito afastou-se de mim,

hoje, as minhas carnes estão saciadas!

Mas, de uma outra mesa do bar,

e já calçando as esporas dos desejos,

avisa-me, sorrateiro, o demônio:

— É hoje só!

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Da minha coletânea "Cavalos da Noite", ilustrada por Paula Baggio

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 21/07/2011
Código do texto: T3108960
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