Conversa na varanda após duas garrafas de vinho
"Saudade é coisa tão bruta e lenta!
Nem sei como o amor aguenta - talvez se sustente na dor..."
"Isso, não, poeta, que dor é perneta!
Amor é cais - furacão ou paz - mas não é maneta!"
"Lá vai, então: saudade é coisa lenta e bruta,
amor sustenta porque luta."
"Bem melhor - quase lá - mas 'inda tem coisa para explicar:
que tem a dor, fina e comprida, a ver com amor?"
"É que o amor tem mãos furadas, pés feridos, alma truncada
- e nunca esquece os sonhos idos."