[De Coisas Assim...]

[Eu me revisito, e me espanto novamente...]

Das altas horas em praças vazias,

sofro a solidão.

Dos seres da noite,

invejo o desenleio.

Do distorcido verde noturno das plantas,

sinto a mística da luz artificial.

Do sofrimento das noites insones,

sofro a angústia.

Do sonho mau,

ficam as marcas.

Dos desejos não cumpridos,

tenho o corpo dolorido.

Do concluir das coisas,

tenho o vazio momentâneo.

Do gemido distante de pneus na estrada,

não me canso nunca.

Dos sofrimentos humanos,

tenho os olhos cheios.

Do fluir da vida,

sinto o ir ao não-ser.

Da esperança gasta,

fica o vazio.

Do trabalho não lúdico,

aborreço-me.

Da constante busca do outro,

fica o terror do lobo faminto.

Da vida sem nexo,

morro.

[Penas do Desterro, 31 de julho de 1997]

[... da minha coletânea "Cavalos da Noite", ilustrada por Paula Baggio]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 18/07/2011
Código do texto: T3103355
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