[De Coisas Assim...]
[Eu me revisito, e me espanto novamente...]
Das altas horas em praças vazias,
sofro a solidão.
Dos seres da noite,
invejo o desenleio.
Do distorcido verde noturno das plantas,
sinto a mística da luz artificial.
Do sofrimento das noites insones,
sofro a angústia.
Do sonho mau,
ficam as marcas.
Dos desejos não cumpridos,
tenho o corpo dolorido.
Do concluir das coisas,
tenho o vazio momentâneo.
Do gemido distante de pneus na estrada,
não me canso nunca.
Dos sofrimentos humanos,
tenho os olhos cheios.
Do fluir da vida,
sinto o ir ao não-ser.
Da esperança gasta,
fica o vazio.
Do trabalho não lúdico,
aborreço-me.
Da constante busca do outro,
fica o terror do lobo faminto.
Da vida sem nexo,
morro.
[Penas do Desterro, 31 de julho de 1997]
[... da minha coletânea "Cavalos da Noite", ilustrada por Paula Baggio]