AMOR EM ABSTRATO

Ao imortalizar seu corpo em pintura, eu seria a moldura... Calada.
Nos poros de tinta, as digitais da criadora idolatrando a criatura.
Reconhecidos apenas pelos que não vivem nesse tempo, dos que nos reconhecem no abstrato escondido em artes do passado.
Esses são os semi-deuses, músicos, poetas, escritores, detetives que não nos delatam, compreendem a nossa falta.
Ao pintar seu corpo, nem precisaria fazer um adendo em poesia...
A sua imagem de deus grego por si falaria. Os que compreendessem se calariam, meneando a cabeça num grande suspiro, cúmplices de nossa covardia. Amor não revelado, guardado em imagem na parede,
porta retrato embalsamado.

Railda
Enviado por Railda em 17/07/2011
Reeditado em 15/10/2013
Código do texto: T3100466
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