MELANCOLIA POÉTICA

Já houve um tempo, não tão distante de mim, em que as minhas emoções jorravam mel. Era um tempo de bonança, eu colhia versos no ar como quem colhe frutos maduros; eu respirava e transpirava poesia; todo o meu ser era fértil e eu sentia a vida florescer nas formas mais abstratas e inimagináveis. Tudo pulsava dentro de mim, eu era um enorme coração.

Hoje, passeando pelo meu deserto, observei a paisagem árida e pedregosa, com a caneta em punho, imaginei está num oásis, deparei-me com miragens, vitrines de lembranças: cheiros, formas e sabor! Imagens Intocáveis, imutáveis, intransponíveis... Tentei dar vida aos grãos de areia, mas realidade debochou do meu castelo de versos, virei rainha do nada! Todavia nem tudo se dissipou no vento. Estou viva, bem viva para ver os destroços dos meus sonhos cor de rosa, mas eu sei que por trás das cortinas do infinito existe um horizonte verdinho em flor...

Agora, neste momento, corre um fio de água salobra pela minha face que vai se alastrando feito um rio e empoça no meu colo, bem do lado esquerdo do meu peito, isto lava-me a alma. Ainda sou poeta!

jambo
Enviado por jambo em 16/07/2011
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