Morte no asfalto
Hoje encontrei tua sombra de novo.Sem querer.Não vou mais a onde vais.Sei que encontrarei pedaços teus a cada passo que der,portanto não ousarei sair a porta outra vez.
Quando passas sob minha janela,meus olhos,ao colidir com os teus,são oceanos.A água os afoga e arrasta ao fundo, lavando as retinas queimadas pelo brilho do teu olhar. Distante,frio e belo olhar.
Lembro de conversas antigas.Mal dormidas e vagarosas palavras,que roubavam meus sonhos calados.
"Moça,não chore..."-Ouvi uma garotinha dizer aos pés de minha saia.-Sôfrega,corri,sentindo gotas geladas nos cabelos,no meio do trânsito.Parei o tráfego.Morri no asfalto.
Corri das mãos e dos olhos.A alma ajoelhou-se no chão sob triste reza de amor,abraçada pelos ventos de mágoa.
Parti quando partiste meu ser em três ou quatro pedaços.Parti e parto,todos os dias aos pedaços,no valsar de uma estória romântica.
Morri no asfalto.Por que meu Deus?!Por não mais ver olhos, flores e braços.