boa Noite

Enquanto o sol desliza sobre os meus cabelos, oscilando cores na minha tez, no brilho claro dos meus olhos, eu me fecho na calmaria pouca das horas, pois espero o cinza que no horizonte aponta o fim dos silêncios.

As nuvens negras antecedem as águas densas, que se aproximam continuamente e desaguam a qualquer minuto mesmo sem cobrir o meu céu...

Pouco ou muito guardo desses ensaios de lucidez, para que perpetuem como falas digeríveis e não lágrimas que se perdem misturadas as grossas cortinas de água doce.

Um cansaço me cobra o exagero de palavras, o torvelinho de preces mal acabadas e o fiar sem fim de sonhos, bordados com fios invisíveis dos desejos mansos, das vontades afloradas como botões bem nascidos. Lavo a alma em palavras silenciosas rabiscadas no abandono das horas; estas serão as marcas minhas deixadas como testemunho aflito da minha vivência.

E quando o torpor toma conta do negrume da noite, encolho-me com medo da vida que se mistura com a noite abafada dentro das quatro paredes do meu quarto. Canto baixinho uma oração e conto um a um os meus desejos mais antigos na esperança que amanheçam sorrindo para mim.

Olho minhas mãos pequeninas cheias de vontades, mas procuro escondê-las. Guardo dentro do peito sem que ninguém saiba as esperanças que tirei dos baus da minha infância.

Amanhã o sol vai beijar meus cabelos novamente sem perceber que a noite levou mais um pouco da minha alegria.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 04/12/2006
Código do texto: T309490
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