OLHOS OCEÂNICOS.     

 

 

Para Glauci - 16.03.2006

 

 

Quão lindos são os teus olhos!

Deixa-me navegá-los por um instante?

Amar, minha querida, é navegar com água e estrelas e com os teus olhos, pois eles contêm as estrelas que eu não tenho.

Neles, eu revivo um passado que tu não percebes, pois a distância entre nós é delimitada pelos anos que o tempo engoliu.

Ah, minha querida, se tu soubesses quantos mares eu já naveguei.

Quantas lindas sereias eu encontrei, entretanto em nenhuma delas eu vi o teu lindo olhar.

Assim sendo, minha querida, olha o mundo que te rodeia e não te esqueças que em teu lindo olhar, com certeza, dorme um mar de ternuras que as sereias não têm.

Eu sei, eu sou poeta, este foi o dom que recebi de Deus, somente para apreciar o teu lindo olhar.

Às vezes, minha linda, eu reflito-me em tua íris e me vejo ensimesmado na distância estabelecida entre nós, um horizonte longínquo perpetuado em teus olhos oceânicos.

Entretanto, nessa distância, caminham os meus sonhos assim como os pássaros aos seus velhos ninhos.

É que o tempo já petrificou em mim, um acúmulo de vida e para espanto meu, me fez poeta, um velho poeta que sabe admirar o belo e por conseqüência te amar.

Hoje, estou ficando mais velho e os olhos sempre mais tristes, o passado se torna mais longo e o futuro mais curto.

Eis o afã do cinzel do tempo, que metalizou em meus cabelos o prateado que conquistei.

Ambos são estigmas de nossas vidas (passado e futuro), mas não embromarão os raios lindos que partem dos teus olhares.

E assim, escrevi este poema para ti, é como se ele fosse um presente para mim.

Ó minha deusa Viking, eu quero te dizer que em teu olhar vivem as minhas esperanças, porque aquela juventude que um dia pousou em mim, agora, pertence ao passado.

E essa distância é uma medida amarga que tortura a minha torva vida, fazendo-me um estrangeiro na tua linda pátria que o teu recente amor me trouxe.

Isto posto, ó Senhora Minha Muito Amada, tu tens a minha simpatia e o meu gesto diário de amor.

Agora, eu quero te dizer que, o mar em sua imensidão e mistérios não contém a beleza que dormita em teus olhos.

Navegar é preciso, por isso eu navego os teus olhos.

É como se eu quisesse que, a vida não tivesse se precipitado em mim com tanta audácia e presteza.

E assim, minha linda, quando estou só ouço apenas o tropel das ondas do meu próprio mediterrâneo.

Mas, conforto-me quando olho nos teus olhos, porque neles eu revivo os meus que agora o tempo os fez: velhos e tristes.

Em ti, ó minha linda, estão contidas todas as ternuras que somente os meus olhos vêem, quando eles se envolvem com os teus olhares.

Eu quero de todo o meu coração que sejas a mais feliz das mulheres, mas se o destino não quiser, eu quero que tu sejas a menos infeliz entre todas as mulheres, desde que seja comigo. Eu te amo, minha doce loucura.

 

Eráclito.

 

 

                                               

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 04/12/2006
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