pintura/esboço s/título

Lilianreinhardt

            (Memorial de Sofia/Zocha)
                   (dos sons sob tela)
Ela andava  escrevendo com escrita de sabão alguns advérbios, lavava as portas, as vidraças, esfregava sabão Amazonas ao chão e as bolhas lhe sopravam alhures!Soprada naquele vidro sentia o cheiro da visagem que  havia beijado em carne e osso nas linhas da  vidraça mal traçada. Havia réstias de comida  ainda pelo chão então as escritas se amotinavam. Explosão de tintas , os cogumelos pelos quintais explodiam e arrebentavam  a roca  onde fiavam andorinhas. No latão de querosone ela fervia  essencias, sebo, soda cáustica, mexia com uma pá. Quando a linha saía fora da prancheta a ave era  sacrificada.Timbre  de ontem, retina cega de hoje  na câmera escura de Nadar. Ninho de ovos arrendado para cuidar.As estecas retiram o excesso da argila e a massa pede adição. No Beijo  secreto de Brancusi  sob a lamina de granito, os lábios tesos pedem cinzel e fósseis  escorrem  da pedra escura, Self,  ela revira os lençóis e as crostas  enquanto escorrem  murchas  manchas acesas.
Na representação do mundo, a Vontade  irracional  de vida  respira a tela, no grito que alucina o pássaro e o faz cantar já desamanhecido...,

(*)Vontade/ Essencia metafísica/Vida para Schopenhauer.

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