Noite de Demência...

Eu lutei contra as evidências, mas eram tão evidentes

que pareciam mentiras...

No entanto, a dualidade, enfim, impunha-se implacavelmente.

A frieza daquela voz ao telefone congelou meu sentimento,

e as palavras lidas espatifaram o mesmo gelo.

{Havia ainda a lembrança da outra, a esperança pela volta dela

e o pior...os traumas que ela deixou, ainda machucam aquele coração.}

A tarde passou, empurrada pelo funil da ampulheta e o decorrer

daquela longa noite de demência fez-me entrever abismos vertiginosos

feitos de desafio por desafio.

Estava frio, então enrolei-me nas cobertas do sono, e assim

entrei em minha fase passiva, aceitando com resignação

o nada que fui nessa vida dele.

Na realidade eu sempre soube, que estando disponível eu o estaria perdendo, "Mulheres fáceis são putas ou estão doentes", foram as palavras dele e eu jamais esqueci.

Eu nunca quis sofrer o declínio, o apodrecimento da relação,

a morte lenta de um amor que ultrapassava o tempo...

E embora eu o desejasse tanto, receava lutar contra o passado que ele trazia ao nosso presente, contra as profundezas avermelhadas daquele inferno, no temor que ele se parecesse com a nossa história...

nas comparações que ele fazia junto as lembranças que cultivava

em sua memória...

Amanheci e não posso mais ignorar a conclusão.

Ele sempre viverá aquele amor paralelamente

e percebi que amá-lo será uma eterna peregrinação...

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 11/07/2011
Reeditado em 30/08/2011
Código do texto: T3087843
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