Nada Sei dos Versos
Quero escrever alguns/Não me saem/Sei que estão na ponta do lápis/ Não saltam/Será que a tecnologia do lápis é pouca?/Será meu amor insípido?/O peso do meu ser atrapalha?/No entanto sinto-os já lapidados/Quem sabe não tive um dia justo e eles não me acercam/Ajudei hoje um velhinho atravessar a rua/Dei comida para o vira-latas/Não mal disse o próximo/Chamei minha mulher de meu amor/Tomei banho e vesti uma roupa simples e bem lavada/Rezei o pai nosso ao lindo por da tarde/Agradeci à vida/Sentei-me aqui e os versos não vieram/Eis porém que recolhi-me humilde/Entendi-os finalmente/Já haviam passado nas belezas simples/Que não vi que eram luxuosas/Do cálido cotidiano/Na poesia urbana/Constatar que o criador fez todos poetas/O que ocorre é não olharmos/Nossos próprios passos/Que vêm/Em macio e suave langor/