VELHO É TAPA DO TEMPO
"Foi um tapa!" No sentido metafórico, a passagem do tempo: foi muito rápida. Ontem...eu tinha quinze anos! Hoje... vou completar noventa e três! Ontem... eu queria ser adulto! Hoje... daria tudo o que tenho, para voltar a debutar. Ontem... eu fantasiava meus sonhos! Hoje... apenas sonho! Foi apenas um tapa! Um tapa, cujos efeitos retardados, estou sentindo agora. As pernas e os braços tem grandes dificuldades em obedecer-me; como sempre o fizeram antes. O corpo perdeu a vitalidade, dói por nada, e cada vez mais encurva-se em direção ao solo. Os cabelos... antes fartos! Hoje... faltam! Os olhos... tinham brilho naturais! Hoje...apenas brilham os vidros dos óculos! Sexo... antes pujança! Hoje...apenas lembrança! Ontem... corria à beira da praia. Hoje...só de taxi, ou com meu neto de motorista!
Conclusão... Fiquei velho! Cheguei ao “Ocaso” de minha existência! Ao inicio do fim, ou será prenuncio de uma nova vida? Não importa! Ao menos a mim, não preocupa mais. Pois as únicas diferenças entre a juventude que eu tinha, e velhice que hoje tenho, é a experiência e o verbo ter: "O tinha e o tenho"
Quantos foram aqueles que conheci nesse trajeto, que o 'tapa' do tempo levou a nocaute. Quantos nem sequer levaram o tapa... e tombaram antes. Quando aqui viemos, colocamos, não apenas a “cara para bater”, mas o corpo todo. O ‘tapa' do tempo é condição 'Si ne qua nom', em nosso aprendizado espiritual. Todos nós, mortais, sofreremos seus efeitos, direta e indefinidamente. Chegar até aqui, mesmo sem querer, é um grande privilégio. Ficar velho na materialidade é poder reviver o passado, agradecer o presente e comemorar no futuro, o lucro que teremos pelas histórias vividas. Quantas vezes 'quase' não chegamos, ou 'quase' mudamos de plano. Com todos esses quase e com todas as quedas doloridas, sustos refeitos, amores incompreendidos ou perdidos, como foi gostoso esse 'tapa' e, poder ter chegado a essa 'e-tapa' maravilhosa, chamada: Velhice!!!