[Vida Sem Pauta]
Isto, assim, sem pauta, é como a quero!
Que falta me fariam as linhas da pauta,
se já nasci perdido, e sou um ser sem onde...
As linhas só iriam mesmo é me sufocar,
aprisionar, colocar limites para meus voos!
Sim, sem pauta; e mais: junto com a moleskine,
teria de vir essa moça de olhos grandes,
cabelos longos e suavemente ondulados,
mãos perfeitas, sensuais, de toque delicado
[quase as tomo entre as minhas
enquanto ela embrulha a caderneta!].
Quem, quem neste mundo precisa de pauta?
Doentes dos olhos, caçadores de rumos,
compulsivos maníacos ordenadores de coisas,
colecionadores habituados a deslocar as coisas,
enfim, gente que menospreza a beleza das mulheres...
Eu? Eu não! Eu escrevo a minha angústia
até mesmo nas folhas das árvores!
Ao diabo a prisão da pauta!
Amo as diagonais dos olhares oblíquos,
e quando escrevo, deixo a minha mão correr
solta pela trilha dos meus devaneios...
Ah, aqueles cabelos, aqueles olhos...
Pauta para quê, ô vida danada!
[Penas do Desterro, 10 de julho de 2011]