O encantador de noites
Encontrou-o sentado à porta do tempo, como se o tempo fosse um templo e ela, deusa que ele nasceu para venerar. Pernas cruzadas, mãos em aberto, e nos olhos, nos olhos, toda a procura do mundo e a fé também. Ela leu-lhe o ar que o continha e sorriu-lhe um pequeno sorriso-sol que, pelo estremecimento das mãos, soube, o aqueceu por dentro...
Não pôde já passar por ele sem o respirar. A noite cresceu à volta deles, como serpente encantada, e encheu-os de uma luz cega, uma luz inversa, nunca antes vista, como se tudo o que é fisica e humanamente visível se tornasse só tangível e tudo o que é alma e sentidos se tornasse definido a cores e relevos.
Não foi amor... mas dizem que essa noite os adorou e deles se consagrou custódia.