APENAS HOJE
Quero ver-te ainda hoje, meu querido,
Pois o amanhã é incerto e impreciso
Quero poder te dizer doces palavras
Antes que a lança dilacere minha língua
Antes que as pedras me alcancem na esquina
Antes que eu pereça a caminho do destino.
Só hoje quero ver-te, meu querido,
Pois amanhã é certo que estarei cega,
Estarei muda e não ouvirei tuas súplicas
Esquecerei de mim, de ti e do que fomos,
Nada serei e nada serás para mim, também,
Estarei louca, perdida, presa numa cela.
Cela da prisão do esquecimento
Templo do bem, do mal e das vãs promessas,
Onde um fino véu negro e corroído
Apagará de vez nossa odisséia idílica
Separando o ontem do amanhã
E apenas hoje nos resta ainda